Postado em 27 de Janeiro de 2020 às 14h57

“Emocional responde por mais da metade das doenças do corpo”

Ciência (5)

A afirmação é do médico, escritor, congressista e membro da Associação Médica Espírita Brasileira (AME-Brasil), Carlos Durgante, que fala sobre a influência da espiritualidade na condição física das pessoas. Autor de sete livros sobre espiritualidade, ciência e saúde, ele afirma que nossas células assumem as emoções que transmitimos a elas, condicionando o estado de saúde ou de doença aos órgão a que estão vinculadas.

Angela Piana

Revista Servioeste: A ciência já consegue explicar que o desequilíbrio dos nossos padrões emocionais é o principal causador das doenças que conhecemos?

Dr. Carlos Durgante: Sim e há muito tempo. Em 1939, a American Psychosomatic Society inaugurou a era da Medicina Psicossomática que é uma ciência que integra diversas especialidades da medicina e psicologia para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre o corpo. Aos poucos, a psique humana (a contraparte da dimensão física) começou a ocupar um espaço decisivo no entendimento do binômio saúde-doença, passando a ver o ser humano de uma forma mais integral. Pesquisas da psicofarmacologista norte-americana, Candace Pert, no final da década de 1990 e do médico norte-americano, Bruce Lipton, reforçam a tese de que os pensamentos gerados pelos sentimentos são forças que podem adoecer o corpo e agravar doenças, e que existe uma biologia dos sentimentos que se processa pela ação de moléculas que circulam pelo corpo humano, as chamadas moléculas da emoção.

Podemos afirmar que a doença é causada não apenas por germes, substâncias químicas e traumas físicos, mas também por disfunções crônicas dos padrões de energia emocional e pelos maus hábitos de relacionamento da pessoa consigo mesma e com os outros. Sabemos que as nossas células estão constantemente sendo bombardeadas por sentimentos e emoções que nutrimos, assim, conforme a suscetibilidade de cada pessoa, elas geram os estados de saúde ou de doença. Os estados emocionais felizes ou infelizes da nossa alma são transferidos à estrutura mental das células no interior dos órgãos vinculados.

RS: Como acontece biologicamente a transmissão das informações da mente para o nosso corpo? 

CD: No entendimento da medicina vibracional, a mente e o corpo estão interconectados por um eixo chamado de HHA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal). Em 1981, o cientista norte-americano, Robert Ader, criou o termo Psiconeuroimunologia para definir a área da ciência que estuda as associações entre os processos comportamental neural, endócrino e o sistema imune. O eixo destes processos exerce ações diversas sobre as células e os sistemas do corpo humano por comando mental. Essa interação desempenha um papel em muitas doenças como as infecções, doenças neurológicas, reumatológicas, autoimunes, cardíacas e desordens psiquiátricas, além de vários tipos de câncer.

RS: Essa transmissão de informações entre a mente e as nossas células possibilita modificar as pré-disposições do DNA que herdamos?

CD: Sim. Em 1990 foi dado início a um dos maiores projetos de pesquisa da história, denominado de Projeto Genoma Humano, que tinha por objetivo desvendar o código genético humano. Pelo menos em tese, os cientistas acreditavam que definiriam e teriam em mãos todo o conhecimento das doenças contidas nesse código. Ledo engano, pois os resultados evidenciaram que o ser humano detém aproximadamente 24 mil genes. Além do mais, somente 2% decodificam proteínas e 5 a 10 % são ativos. A frustração no meio acadêmico foi muito grande, pois os genes por si só não influenciam tanto assim a gênese das enfermidades humanas.
Novas pesquisas seguiram um outro rumo e chegou-se ao estudo da Epigenética que significa que há uma dinâmica que determina a expressão dos genes, ou seja, os fatores envolvidos na ativação dos genes, vão além deles próprios, incluindo o poder da mente (sentimentos e emoções).

Os estados mentais dos indivíduos, além do clima, da cultura, da alimentação, dos costumes, da espiritualidade, influenciam enormemente a expressão dos genes de nosso DNA, ativando ou desativando suas funções, em um mecanismo de liga-desliga. Indiscutivelmente, trazemos predisposições em nosso código genético para essa ou aquela doença. Elas se manifestarão, ou não, no corpo físico muito mais devido ao padrão dos sentimentos e emoções que qualquer outro fator.

RS: As universidades têm papel importante na quebra dos tabus sobre as discussões sobre espiritualidade e ciência?

CD: Têm uma imensa responsabilidade. Cada vez mais vemos as universidades incluindo disciplinas que tratam sobre a espiritualidade na saúde. Há um grande número de estudos que vêm sendo publicados em revistas médicas ao longo das quatro últimas décadas, o que só reforça essa tendência. O cientista que coordenou o Genoma Humano, Francis Collins, muitos anos depois dos resultados do projeto, afirmou que uma das necessidades mais fortes da humanidade é encontrar respostas para as questões mais profundas e temos de apanhar todo o poder de ambas as perspectivas, a científica e a religiosa para buscar a compreensão tanto do que vemos, como do que não vemos.

RS: Há outras práticas além das religiosas que são fundamentais para o equilíbrio humano?

CD: Sim! As relações positivas com os outros, em uma escala de bem-estar psicológico, que significa manter relacionamentos acolhedores, seguros, íntimos e satisfatórios. O mais robusto estudo já realizado sobre a saúde do adulto, o Harvard Study of Adult Development, revelou em 2017, que o fator que mais influencia no nível de saúde das pessoas não é a riqueza, genética, rotina, nem a alimentação, e sim os amigos. Além da socialização, outras práticas integrativas como homeopatia, fitoterapia, reiki, terapia floral, acupuntura e yoga, contribuem fundamentalmente para a equilíbrio humano.

RS: Quais as doenças mais comuns da alma?

CD: São muitas as enfermidades da alma, tanto físicas quanto mentais, pois elas se originam dos sentimentos negativos que nutrimos como o egoísmo, o orgulho, o materialismo, a intolerância, o tédio, a falta de perdão e de empatia, o negativismo, o pessimismo, a hostilidade, o rancor, entre outros. Esses sentimentos frequentemente dão origem aos transtornos de ansiedade, ao transtorno depressivo maior, às psicopatias, bem como às dependências químicas e, mais recentemente, às digitais.

Apesar dos extraordinários avanços médico-científicos, a medicina contemporânea vem se deparando cada vez mais com situações em que os pacientes tratados com os mais diversos medicamentos permanecem refratários a eles, continuando assim sem aliviar os sintomas. Frequentemente, a causa primordial da enfermidade corporal, que é o sofrimento psíquico, que é o reflexo da alma doente, segue sendo relegada a uma importância secundária.

RS: É possível recuperar os danos causados pelas doenças da alma? Por exemplo, a depressão?

CD: Sem dúvida. Devemos buscar em nosso mundo íntimo onde se encontram esses mananciais de auto-cura, de alívio e de conforto espiritual. Precisamos melhorar nossos padrões vibratórios emocionais através de práticas integrativas e complementares. Essas práticas ativam regiões ou áreas no cérebro que estão relacionadas ao prazer e à satisfação, liberando cargas maiores de dopamina, inicialmente no próprio cérebro e, na sequência, no corpo todo, resultando em uma contagiante sensação de bem-estar, de paz e de serenidade. Estudos têm evidenciado que pessoas mais altruístas e voluntárias têm mais satisfação na vida, menos distúrbios mentais e menor mortalidade em geral.

O médico e pesquisador norte-americano, Harold Koenig, evidenciou que emoções positivas podem reduzir o estresse psicológico, servirem como um tampão para a depressão e acelerarem a recuperação de distúrbios emocionais.
 

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