Postado em 24 de Julho de 2020 às 09h42

Caranguejos que salvam vidas

Ciência (5)

Indústria bioquímica depende destes animais para produção segura de medicamentos

A expressão sangue azul data do Egito Antigo, está cercada por estigmas étnicos e raciais e é sinônimo de nobreza. Cientificamente, contudo, trata-se do sangue de um artrópode de nove olhos: uma espécie de caranguejo-ferradura do gênero Limulus encontrado no hemisfério Norte (Atlântico, Índico e Pacífico), cuja existência é estimada em 450 milhões de anos. A tonalidade deriva do cobre presente no sangue destes animais.

Costuma-se dizer que estes caranguejos salvam vidas. Seu sangue é essencial na produção de vacinas. A descoberta foi em 1956, quando Fred Bang reparou que o sistema imunológico do caranguejo-ferradura conseguia detectar bactérias tóxicas.

O lisado de amebócitos de límulo retirado destes animais é um recurso essencial para que a indústria farmacêutica torne vacinas, injeções e equipamentos médicos seguros para uso humano. O líquido é empregado no processo de fabricação de diversos produtos farmacêuticos projetados para entrar em contato com a corrente sanguínea humana já que é capaz de revelar a presença de contaminantes.

Em 1977, a agência Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou a utilização do lisado. De lá pra cá, sob protesto dos ambientalistas mais conservadores, todos os anos, milhares destes animais são capturados para uso biomédico, principalmente nos Estados Unidos.

Caro e em risco de extinção

O caranguejo-ferradura está ameaçado de extinção. Eles são devolvidos ao mar após a coleta de 30% do seu sangue, porém, nem todos sobrevivem. Por ser a única fonte natural reconhecidamente segura para o fim, as indústrias farmacêuticas dependem da espécie, o que torna o líquido um dos mais caros do mundo: um litro do chamado sangue azul chega a ser vendido por 15 mil dólares.

As indústrias que quiserem comercializar vacinas contra a covid-19 nos Estados Unidos, por exemplo, terão de usar o lisado nos testes e na produção. A exigência é da farmacopeia norte-americana (USP), que estabelece padrões científicos para medicamentos e outros produtos. Algumas indústrias farmacêuticas já sintetizam a molécula, possibilitando uma abordagem ecologicamente correta, entretanto, a alternativa parece não ser efetiva e ainda não é recomendada nos EUA.

Com informações de NatGeo.

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