Postado em 09 de Julho de 2019 às 13h23

O boom dos patinetes elétricos

Gestão Pública (24)

Veículos alternativos compartilhados viram febre no Brasil e desafiam as cidades para regulamentação do uso


Os patinetes elétricos chegaram no Brasil no ano passado e já são sucesso em 13 cidades do país que adotaram os veículos alternativos compartilhados como novo modal. Versáteis, eficientes e práticos, eles se transformaram em uma alternativa ecológica e inteligente para driblar o trânsito caótico dos grandes centros urbanos e facilitar a vida dos moradores.

O produtor audiovisual de Curitiba, Kaliu Lazarotto, 21, adotou o patinete elétrico como seu principal meio de transporte. Ele usa quatro vezes por dia para ir e vir do trabalho e para transitar em toda a região central da cidade.

“Eu uso pra tudo, trabalho e lazer. É muito bom, fácil de usar, econômico e rápido. Depois que entendi como funciona e passei a usar, eu tenho economizado de 15 a 20 minutos de tempo de deslocamento por dia. Antes de usar, eu gastava R$60 por mês de ônibus e com patinete gasto a metade. Vale muito a pena”, conta ele.

Entender o funcionamento é a dica essencial deixada por Kaliu para o bom aproveitamento dos patinetes. Informações de uso e dicas de segurança estão nos aplicativos das duas empresas que prestam o serviço em Curitiba e em todo o Brasil (Grin e Yellow). Ao se cadastrar e comprar crédito pelo aplicativo, o usuário recebe um código QR Code para liberar a trava do patinete nos pontos de acesso e poder sair acelerando. Porém, a velocidade máxima é de 5km/h a 20m/h. Na capital paranaense, o custo da liberação é de R$3,00 mais R$1,00 a cada 10 minutos de uso.

Depois de chegar ao seu destino, o usuário pode deixar o patinete em outro ponto de acesso ou em qualquer outro ponto da cidade para que outra pessoa possa usá-lo. O aplicativo também mostra o mapa de pontos de acesso, o tempo e os quilômetros percorridos, além do tempo de bateria dos patinetes, cuja empresa é a responsável pela recarga e troca dos veículos descarregados.

Segurança é questionada

A praticidade e a economia dos patinetes elétricos de fato conquistaram a população dos grandes centros. Porém, a falta de regulamentação do transporte, que até então era penas lazer, tem gerado insegurança aos usuários Brasil afora. Sem normas específicas para o uso, como locais permitidos para transitar e equipamentos obrigatórios de segurança, os patinetes elétricos acabam dividindo espaço com pedestres nas calçadas, ciclistas nas ciclovias e até com automóveis nas ruas, causando acidentes.

Em São Paulo, onde circulam 4.000 patinetes, o número maior de acidentes fez com que a prefeitura baixasse uma portaria para regulamentar o transporte. Desde o dia 13 de maio deste ano, é obrigatório o uso de capacetes e proibida a circulação nas calçadas.

Em Curitiba e Florianópolis, capitais onde circulam 300 patinetes elétricos, o uso ainda não foi regulamentado. Por sorte ou por maior cuidado, o curitibano Kaliu Lazarotto não sofreu acidentes, mas já presenciou alguns.

“Geralmente acontece com as pessoas que vão usar pela primeira vez e não sabem direito como funciona”.
Nas duas cidades, as empresas não fornecem capacetes, diferentemente de São Paulo, onde a obrigatoriedade da portaria fez com que os equipamentos fossem disponibilizados com os patinetes.

“Eu não uso capacete ainda, mas tem muitas pessoas que usam aqui, especialmente as crianças. Os patinetes também têm sininhos para avisar as pessoas quando estão próximos, além de luzes para a noite. Não acho inseguros, mas é preciso saber usar”, pondera Kaliu, ao contar que em viagens mais longas em que precisa dividir espaço com carros, ele prefere ir de bicicleta.

“Me sinto mais seguro”.

Já a designer gráfico de Florianópolis, Cris Macari, acha que a segurança e o preço dos patinetes ainda precisam melhorar na cidade. Na capital catarinense, o custo de desbloqueio dos patinetes é de R$3,00 mais R$0,50 por minuto de uso. Cris percorreu 3,9km em 34 minutos e gastou R$19,50.

“Percebo que com este preço, se você está a pé e com pressa, é mais vantajoso ir de Uber ou 99. Eu usei por lazer nos finais de semana, mas é preciso saber usar, ter equilíbrio, para não se acidentar”.

Fora do país, para se ter uma ideia, a cidade de Nova York (EUA) proibiu o uso de patinetes devido ao número de acidentes. Em Londres, capital da Inglaterra, o capacete é obrigatório e não é permitida a circulação dos patinetes nas calçadas.

Empresas respondem

As empresas Grin e Yellow informaram que não registram o número de acidentes nas cidades e que estão intensificando a comunicação e a divulgação das boas práticas no uso de patinetes. Em São Paulo, as empresas estão espalhando educadores pela cidade para orientar os usuários.

Também, segundo as empresas, toda primeira corrida do dia de todos os usuários será precedida no aplicativo por um pop-up com as orientações.

Sobre o uso de capacetes, as empresas afirmam que recomendam o uso e preveem ações esporádicas de distribuição nas cidades. Em relação à regulamentação, alegam apoiar a medida e estar em contato com os órgãos competentes para a construção e uma regulação benéfica. 

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