Postado em 13 de Outubro de 2017 às 16h48

Tijolo Verde

Inovação (20)

Tecnologias são colocadas em prática para gerar soluções com menor impacto ambiental dentro da construção civil.

Por Carol Bonamigo

Extração de matéria prima da natureza, produção de materiais, construção de edificações. Esses são apenas alguns dos inúmeros processos que requerem para a construção civil. Inegavelmente um dos setores fundamentais na economia brasileira – empregando cerca de 13 milhões de pessoas, considerando empregos formais, informais e indiretos – é também um dos mais perigosos para a preservação do planeta.

O Conselho Internacional da Construção (CIB) aponta hoje como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA), aproximadamente 35% de todos os materiais extraídos da natureza anualmente em solo nacional são usados pela construção civil. Além disso, mais de 50% de toda a energia produzida no Brasil é utilizada para abastecer nossas casas e condomínios. Na busca de minimizar os impactos ambientais provocados pelo setor, surge o paradigma da construção sustentável. No âmbito da Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento, a construção sustentável é definida como: “um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica”. Para o Ministério do Meio Ambiente, no contexto do desenvolvimento sustentável, o conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para abraçar a sustentabilidade econômica e social, que enfatiza a adição de valor à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.

Projetos inteligentes

Revista Servioeste Saúde e Meio Ambiente Projetos inteligentes Uma parceria empresarial Ítalo-Brasileira levou à cidade catarinense de Blumenau um empreendimento inovador para a construção civil. A Casa Habitech,...

Uma parceria empresarial Ítalo-Brasileira levou à cidade catarinense de Blumenau um empreendimento inovador para a construção civil. A Casa Habitech, inaugurada em abril de 2017, é totalmente sustentável e tecnológica. Construída com placas de madeiras e desenvolvida por engenheiros italianos, ocupa uma área construída de 200 m² e servirá de ponto de parti da para pesquisas aberta a estudantes, entidades e profissionais do setor.

O modelo, que segue o conceito de construção a seco, dispensando o uso de água, é o primeiro protótipo europeu nas Américas. “A estrutura é uma referência para construção civil como um todo, pela apresentação e acesso às tecnologias atuais. A cobertura conta com painéis fotovoltaicos, que funcionam como ‘espelhos’ para captar luz solar e produzir energia elétrica própria”, explica o engenheiro responsável pelo projeto, Amauri Alberto Buzzi. O projeto é resultado de uma parceria entre o Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon), Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e o instituto italiano Habitech, com sede em Trento, na Itália.

“Esta obra trará benefícios para a coletividade. Atende ao atual modo de pensar a construção civil: projetar ações presentes que não comprometam as necessidades futuras”, afirma o vice-presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.

Outro exemplo de aplicação da sustentabilidade na construção civil foi executada em 2015, na capital paulista. A ideia veio do engenheiro João Barassal Neto, que transformou a sua própria residência na primeira casa inteligente energeticamente autônoma da América Latina. Para isso, contou com a parceria de mais de 50 empresas para desenvolver e testar vários produtos e soluções sustentáveis, além de práticas ecológicas.

O resultado disso foi a Smart Eco House, integrando tecnologia de ponta e soluções sustentáveis para energia, água e automação. “Nosso objetivo foi provar que ser ecologicamente correto vale a pena e traz economias significativas. O know-how adquirido neste projeto está sendo reaplicado ao mercado em outros estabelecimentos comerciais e residenciais. Tudo isso para preservar o meio ambiente e garantir o futuro do planeta”, conta Barassal Neto.

A residência modelo, habitada por uma família de quatro pessoas, possui todas as demandas de uma casa convencional de classe média, porém, graças às práticas ecológicas adotadas, consome quase 50% menos recursos naturais. Madeira de reflorestamento, tijolos de demolição, trituração de entulhos foram alguns dos materiais utilizados na edificação. Além disso, iluminação natural encanada, sistema de alarmes com monitoramento remoto via celular, reconhecimento de face para controle de acesso, sistema de resfriamento ecológico, sistema de aproveitamento de energia para aquecimento de água e recuperadores de calor para calefação fazem parte das tecnologias aplicadas. “Nesta casa modelo avaliamos diariamente cada uma das soluções desenvolvidas, para que sejam cada vez mais eficientes e tragam melhores resultados. É um projeto em constante evolução”, orgulha-se o engenheiro.

Revista Servioeste Saúde e Meio Ambiente Na construção civil, além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração de resíduos...

Na construção civil, além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas são provenientes da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio ambiente. Estima-se internacionalmente que entre 40% e 75% dos recursos naturais existentes são consumidos por esse setor, resultando assim em uma enorme geração de resíduos. Só no Brasil, a construção gera cerca de 25% do total de resíduos da indústria. segundo a UnEP (United Nations Environment Programme), as edificações respondem por 40% do consumo global de energia e por até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa (gEEs) relacionadas ao consumo energético.

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