Postado em 16 de Abril de 2018 às 16h38

Operando Sorrisos

Sorria! (8)

Maior organização médica voluntária do mundo já transformou a vida de mais de 240 mil crianças e adultos carentes nascidos com fissura labiopalatina.

Por Carol Bonamigo

Fundado em 1982, pelo casal norte-americano William e Kathleen Magee, a ONG Operação Sorriso é referência mundial ao tratar, especificamente, pacientes com lábio leporino e fenda palatina. Foi após uma viagem às Filipinas com um grupo de médicos voluntários que ele, cirurgião plástico, e ela, enfermeira e assistente social, perceberam a necessidade de seus trabalhos serem disponibilizados à comunidades carentes ao redor do globo.

“As pessoas empurravam seus bebês contra nós, puxando a manga da camisa com lágrimas nos olhos e nos pedindo para que ajudássemos seus filhos”, recorda Kathy Magee. Em uma das cidades, cerca de 300 famílias compareceram na esperança de que seus filhos fossem ser operados, mas a equipe só poderia cuidar de 40 crianças.

De volta aos EUA, Bill e Kathy organizaram uma base de captação de recursos e montaram uma equipe voluntária de médicos e enfermeiros para retornar às Filipinas. Trinta e seis anos depois, a Operação Sorriso é a maior organização médica voluntária do mundo, com sede em 60 países e mais de 5 mil voluntários cadastrados de 80 países, os quais já transformaram a vida de mais de 240 mil crianças e adultos carentes nascidos com fissura labiopalatina mundialmente.

Um dos países agraciados com a iniciativa é o Brasil que, em agosto de 1997, recebeu a primeira missão humanitária, em Fortaleza (CE), na qual 138 cirurgias foram realizadas. Desde então, a ONG passou por 15 cidades brasileiras e operou mais de 5 mil pacientes gratuitamente.

Como reagir ao diagnóstico

Revista Servioeste Saúde e Meio Ambiente Como reagir ao diagnóstico O lábio leporino e a fissura palatina (céu da boca) são malformações da face que ocorrem por falta de fusão dos processos maxilares e...

O lábio leporino e a fissura palatina (céu da boca) são malformações da face que ocorrem por falta de fusão dos processos maxilares e palatinos durante a formação do feto. São a terceira causa de maior ocorrência entre as malformações craniofaciais congênitas no mundo.

Conforme orientação da ONG, no momento da confirmação da fissura, uma das primeiras atitudes a ser tomada é se informar junto ao seu médico ou a algum profissional de saúde. As fissuras podem comprometer a capacidade de alimentação, fala, audição e o desenvolvimento dos dentes, além de tornar a criança mais suscetível a infecções das vias aéreas e do ouvido. Portanto, além do acompanhamento adequado com médicos especializados, os pais e familiares precisam ter cuidados especiais com a alimentação, a higiene da boca e o estímulo ao desenvolvimento da criança nos aspectos físico e emocional. “Os bebês com fissura, de uma forma geral, são crianças com o desenvolvimento normal, com as mesmas necessidades que qualquer outro recém-nascido. Porém, ele precisa ser avaliado por uma equipe médica multidisciplinar – pelo menos um cirurgião plástico, um pediatra, um fonoaudiólogo e um dentista – que podem dar orientações acerca da alimentação, do desenvolvimento e do tratamento cirúrgico da criança”, informa Ana Stabel, diretora executiva da Operação Sorriso no Brasil.

Para a cirurgia do lábio, a melhor idade para se operar um paciente com fissura seria a partir dos três a seis meses de vida. Nessa idade, a criança já tem um melhor desenvolvimento de pulmões e coração, fazendo com que a anestesia seja mais segura. Além disso, a própria cirurgia nesse período leva a resultados melhores, pois a criança já passou pela anemia fisiológica (ou seja, já trocou o sangue recebido da mãe na vida intrauterina pelo seu próprio sangue). “Adiantar a cirurgia não trará nenhum benefício à criança. Na maior parte dos casos, as dificuldades estéticas, funcionais e emocionais não serão resolvidas com uma única cirurgia. O tratamento tem etapas e envolve cirurgiões plásticos e outros profissionais especializados que ajudarão os pais a lidar com a situação. No entanto, quando não tratada, a fissura pode trazer algumas implicações de ordem estética, funcional ou emocional na vida da criança e da família dela”, explica a ONG, lembrando que o tratamento nas fissuras completas (até o nariz) pode terminar por volta dos 16 aos 18 anos.

Devolvendo sorrisos ao redor do mundo

Muitos pacientes que nasceram com fissura labiopalatina vivem escondidos da sociedade e não têm o tratamento especializado em suas regiões. “Mudamos para sempre a vida dessas pessoas, devolvendo a elas o sorriso, a autoestima e a perspectiva de inclusão social. As cirurgias oferecidas pela Operação Sorriso são conduzidas por nosso time de profissionais voluntários. A paixão deles pelas crianças é a essência, o espírito e a razão pela qual somos capazes de oferecer milhares de transformações de vida sem nenhum custo aos nossos pacientes. Voluntariado na Operação Sorriso é muito mais do que um trabalho feito por generosidade: é uma filosofia de vida”, enaltece Ana.

Sua atuação no Brasil segue padrões globais de atendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), levando equipes, suprimentos e toda a estrutura cirúrgica necessária aos lugares mais remotos do País, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde há poucos centros de tratamento especializados.
O programa humanitário ainda treina médicos residentes, incentiva a criação de centros locais de atendimento e capacita profissionais da saúde locais para que possam dar continuidade ao tratamento multidisciplinar dos pacientes. “É uma enorme satisfação poder aproveitar um conhecimento que temos disponível para suprir a necessidade de muitos cidadãos que não têm acesso a ele se depender apenas das vias que o Estado disponibiliza”, afirma Eliana Midori, fonoaudióloga voluntária da Operação Sorriso.

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