Postado em 09 de Junho de 2017 às 16h18

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Espaço Animal (14)

A Terapia Assistida por Animais é uma forma alternativa de humanização do cuidado hospitalar, na qual o bichinho de estimação é parte do processo terapêutico.

Por Andressa Oliveira Recchia

Carinho, afeto, companheirismo, dedicação... Sentimentos que caracterizam uma relação saudável entre duas pessoas, mas que, cada vez mais, estão definindo a fidelidade dos animais de estimação. Neste sentido, tem se tornado comum a colaboração dos bichinhos na recuperação de pacientes com as mais diversas patologias e que estão em processo de tratamento.

A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma forma alternativa de humanização do cuidado hospitalar, na qual o animal é parte integrante do processo terapêutico, contribuindo com a melhora da função física, social, emocional e cognitiva do paciente. A técnica pode ser utilizada em locais como ambulatórios, hospitais, casas de repouso, clínicas de fisioterapia e de reabilitação. No ambiente hospitalar, principalmente, a entrada dos pets exige que os mesmos estejam em bom estado de saúde, com o programa vacinal atualizado, além de estarem higienizados e vermifugados.

“Os cães, que são os animais mais presentes na TAA, devem estar preparados e devidamente socializados para evitar que alguma reação inesperada por parte do paciente possa sugerir agressividade. Cães para esta função devem ser dóceis e não se assustar com gritos ou algum carinho mais efusivo, como um abraço apertado. Estes animais devem ser constantemente treinados para evitar que fiquem estressados e tenham alguma reação inadequada para este trabalho nobre”, orienta a médica veterinária, Lúcia Helena Maia Franco, especialista em comportamento animal e adestradora de cães.

"No caso dos cães, eles precisam ser adestrados e atender a alguns comandos de obediência para tornar a interação com o paciente mais efetiva, segura e proveitosa"

Lúcia explica a importância de haver uma seleção para a escolha dos animais que serão utilizados na TAA. O ideal, segundo ela, é que eles não sejam muito jovens, sejam calmos e dóceis e, principalmente, tenham sido devidamente treinados para serem capazes de interagir de forma adequada com diferentes tipos de pessoas. “No caso dos cães, eles precisam ser adestrados e atender a alguns comandos de obediência para tornar a interação com o paciente mais efetiva, segura e proveitosa”, completa.

Com relação à interação entre animal e paciente, Lúcia destaca que os pets podem contribuir com brincadeiras, serem levados pelos pacientes para um passeio e interagir em atividades que possam estimular a convivência social e mental, ajudando na recuperação física da pessoa de maneira lúdica. “As visitas aos pacientes hospitalizados também são prazerosas para os cães, pois eles sentem o afeto deles e, de certo modo, sabem da importância do seu papel no processo terapêutico”, complementa Lucia.

A emoção de quem viveu

A idosa Ambrosina Andrighi Martins teve a oportunidade de receber a visita da cadela Laica, sua cachorrinha de estimação, enquanto esteve internada no Hospital Unimed Chapecó. Conforme relato da família, por muitos anos, Laica foi sua companheira e protetora. “É um animal encantador e era muito fiel a vó Ambrosina. Quando a Laica foi levada para visitá-la no Hospital, a alegria de ambas foi muito grande. Nós, familiares, percebemos o quanto foi importante a presença da cachorrinha naquele momento. Dona Ambrosina, já em estado grave de saúde, abriu os olhos e esboçou um sorriso, como se esti vesse se comunicando com a Laica”, lembra o genro, Valmir Antunes da Silva ao destacar que a emoção também tomou conta da equipe de enfermagem que acompanhou a visita.

Valmir conta ainda que, infelizmente, o estado de saúde de Ambrosina já estava muito avançado, o que acabou levando-a à óbito. Porém, tem certeza do quanto Laica contribui para minimizar o sofrimento da paciente.

Cuidados

Revista Servioeste Saúde e Meio Ambiente Cuidados Melhora no padrão cardiovascular, estabilização dos níveis tensionais, diminuição da dor e diminuição dos níveis de colesterol...

Melhora no padrão cardiovascular, estabilização dos níveis tensionais, diminuição da dor e diminuição dos níveis de colesterol são apenas alguns dos benefícios que a relação cão-paciente pode gerar. “A TAA tem se mostrado cada vez mais benéfica no atendimento hospitalar, diminuindo o estresse e melhorando o estado de espírito dos pacientes”, relata a médica infectologista, Carolina Cipriani Ponzi.

Segundo a médica, a TAA tem sido descrita desde os tempos de Hipócrates, e alguns hospitais referência no Brasil, como o Hospital Israelita Albert Einstein, já uti lizam a TAA como forma de humanização do cuidado. “A preocupação mais comum em relação à TAA é de que os bichinhos possam transmitir alguma doença para os pacientes, mas se os animais estiverem com a saúde em dia, vacinados, banhados e com controle de parasitas, os benefícios são inquestionáveis”, aponta a infectologista.

Transita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina o Projeto de Lei 501/2015, que regulamenta a TAA,
referenciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Alguns cuidados são essenciais para que terapia seja, realmente, eficaz. “O princípio da TAA não é indicado em casos de pacientes imunodeprimidos, em isolamento, alérgicos, com feridas abertas ou outras situações que possam se agravar devido ao contato com o animal”, alerta Carolina.

Além disso, segundo a médica, a estrutura hospitalar precisa estar preparada para que haja a TAA. “É importante haver uma política institucional formal, com os colaboradores-chave envolvidos, profissionais familiarizados com a terapia, preparo da equipe e do setor para o processo de higienização após a visita”, esclarece.

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