Postado em 16 de Abril de 2018 às 16h28

Filho de quatro patas

Espaço Animal (14)

O mercado pet aproveita os laços criados entre humanos e animais para expandir as possibilidades de produtos e oferecer alternativas para os tutores.

Por Carol Bonamigo

Em 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, através da Pesquisa Nacional de Saúde, que 44,3% dos domicílios do País possuem, pelo menos, um cachorro. Isso significa, aproximadamente, 28,9 milhões de lares habitados por 52,2 milhões de cães, o que dá uma média de 1,8 animal por casa. Essa estimativa demonstra que existem hoje no Brasil mais cachorros de estimação do que crianças.

São cada vez mais pessoas adotando pets, o que faz de nós o quarto país no ranking de população de animais de estimação no mundo. E para uma grande demanda deve haver uma oferta igualmente abundante. Por isso o Brasil é o terceiro maior mercado para produtos e serviços voltados para animais de estimação, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Calcula-se que o setor tenha faturado cerca de R$ 19 bilhões no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). E isso apenas no solo nacional.

Globalmente, o setor movimenta cerca de US$ 102,2 bilhões. São milhões de tutores que não medem esforços (e cifras) para garantir o bem-estar de seus pets. É o caso do casal de designers Larissa Culau e Rafael Marcondes, que há pouco mais de um ano adotaram Quindim, um bulldog inglês. Tudo foi pensado com muita cautela. “Lemos sobre a raça, entramos em grupos do Facebook para tirar as dúvidas e resolvemos adotar. Escolhemos o bulldog por ele se encaixar no nosso estilo de vida. Moramos em São Paulo, em um apartamento, sem muito tempo, então deveria ser um cachorro que entrasse na nossa rotina e não precisasse estar o tempo todo ativo”, recorda Larissa.

Mas o que realmente aconteceu foi, em partes, o inverso. O casal readaptou seu dia a dia para passar o máximo de tempo possível com o cão e, quando viajam, Quindim pode até curti r uma colônia de férias. “Lá tem piscina e ele pode socializar com outros animais. É maravilhoso. Não podemos negligenciá-lo. E ele nos dá muito em troca. Amor, carinho e nos obriga a sair e ver o mundo de outra forma”, afirma a designer de moda.

Exatamente por não descuidar de Quindim que Larissa e Rafael se preocupam, especialmente, com a saúde do pet. Até por carregar complicações comuns da raça, teve problemas de pele, tem hérnia, passou por uma cirurgia e cuida da obesidade. Procurando atendimento especializado e personalizado, eles conheceram o veterinário Alexandre Eduardo Ribeiro, cirurgião e especialista em dermatologia de pequenos animais.

Assim como na medicina humana, as especialidades capacitam o médico veterinário a lidar com determinados casos com maior assertividade e precisão. “Os bulldogs ingleses são animais extremamente fortes e devem ter cuidados específicos. Sua função respiratória merece uma atenção especial, pois são animais braquicefálicos, que possuem o focinho curto e isto pode causar problemas respiratórios. Outro fator de alerta é com sua constituição orgânica, cuidado com sobrepeso e o sistema ósseo locomotor, também uma atenção especial à pele, pois possuem várias dobrinhas que requerem maior precaução”, orienta Alexandre.

Cara de um, focinho do outro

Para garanti r essa maior dedicação para com a saúde de Quindim, seus tutores optaram por contemplá-lo com um plano de saúde. Pode parecer exagero, mas o segmento de saúde animal tem atraído cada vez mais adeptos, chegando a crescer 13% em 2016, quase o dobro do mercado pet como um todo. Os planos partem dos R$ 60,00 – com uma cobertura básica de urgência e emergência, exames laboratoriais e vacinas – e podem chegar a mais de R$ 300,00 – englobando consultas com especialistas, cirurgias e exames por imagem. A ideia é ofertar tudo o que um humano possui à disposição. “O nosso objetivo é estimular a prevenção de doenças por meio de diagnósticos precoces, fazendo com que os animais tenham maior qualidade de vida com mais saúde”, comenta Fernando Leibel, presidente da Health for Pet, empresa que oferece planos de saúde para cães e gatos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Uma garanti a tranquilizadora, pensa Larissa. “Se ele precisar de algum atendimento de emergência, estamos prevenidos tanto na parte ambulatorial quanto financeira”, argumenta. E vê-lo feliz e saudável, não tem preço. “Não é uma criança, mas nós o tratamos como filho. Quando não estou perto, sinto saudade, meus pais querem saber notícias dele. Para nós, ele é muito especial. Um companheiro, não dorme enquanto não vamos dormir, e é da farra, como nós! É impressionante como absorve as nossas personalidades”, orgulha-se.

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