Postado em 15 de Maio de 2020 às 09h28

Controle da Infecção Hospitalar

Gestão de Saúde (33)

Prevenção engloba medidas rigorosas de controle que vão da higienização das mãos ao tratamento de efluentes e resíduos de serviços de saúde

Há alguns anos o termo infecção hospitalar foi alterado devido à ampliação do conceito. Hoje, fala-se em Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), incluindo diferentes estabelecimentos de assistência à saúde, como lares de idosos, home care, hospitais e clínicas. Portanto, o controle das infecções também deve ser realizado nestes ambientes. Além disso, o conceito abrange as infecções ocupacionais adquiridas por profissionais de saúde.

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são aquelas adquiridas durante internação em unidades de assistência à saúde ou quando relacionadas a procedimentos ambulatoriais ou cirurgias, podendo manifestar-se inclusive após a alta.

Tiago Danelli, farmacêutico especialista em Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde e doutorando em Fisiopatologia Clínica e Laboratorial pela Universidade Estadual de Londrina, explica que as IRAS estão associadas a grupos de microrganismos multirresistentes (conhecidos como grupo ESKAPE) que apresentam altas taxas de morbimortalidade nos ambientes de assistência à saúde, justamente devido à resistência a medicamentos antimicrobianos potentes de uso hospitalar.

Além dos altos índices de morbimortalidade, as IRAS envolvem custos elevados de tratamento e tempo de permanência nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), o que acaba reduzindo a disponibilidade de leitos para tratamento de outras enfermidades, afirma Tiago Danelli.

Os microrganismos ligados às IRAS estão relacionados a infecções oportunistas em pacientes imunodeprimidos, com a saúde debilitada ou suscetíveis, como aqueles que passaram por processos cirúrgicos, acidentes automobilísticos, queimados, com câncer, etc. Toda bactéria multirresistente é preocupante pois frente a uma baixa imunológica ou em pacientes com comorbidades, pode gerar infecção, assegura Tiago.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as infecções hospitalares podem ser controladas com medidas de prevenção. A Lei Federal n° 9.431/1997 instituiu a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH).

Trabalhadores ligados aos setores de assistência à saúde devem ser capacitados para a prevenção da disseminação de agentes infecciosos, seguindo as recomendações da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde, ligada ao Ministério da Saúde.

Principais ações de controle das IRAS:

Lavagem completa e padronizada das mãos;
Bons hábitos de higiene – etiqueta da tosse e espirro;
Uso adequado de álcool 70%;
Uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPIs);
Imunização dos profissionais;
Controle e monitoramento da colonização de bactérias nos pacientes;
Isolamento dos pacientes quando houver indicação clínica;
Monitoramento do ambiente hospitalar;
Limpeza e desinfecções dos ambientes;
Correto tratamento de efluentes e resíduos de serviços de saúde.

One Health

Projeção da Organização das Nações Unidas
(ONU) estima que até 2050, 10 milhões de pessoas no mundo poderão morrer a cada ano devido a infecções causadas por microrganismos multirresistentes.

A preocupação da OMS vai muito além da saúde humana. Em 2019 a organização divulgou as 10 ameaças à saúde global, dentre elas a resistência antimicrobiana.

Numa abordagem multidisciplinar e multiprofissional chamada One Health (Saúde Única) a OMS trabalha visando reduzir os riscos à saúde pública, dentre eles, a resistência antimicrobiana. Parte do pressuposto de que a saúde humana está vinculada à saúde ambiental, animal e vegetal. Microrganismos da saúde humana ao contaminarem o meio ambiente, por exemplo, geram interferências nos sistemas animal e vegetal, assim como o uso de antibióticos em animais de corte (proteína animal) e na agricultura interferem na saúde humana, ambiental, de outros animais e vegetais, gerando uma pressão seletiva que tende a selecionar os microrganismos multirresistentes, relata Tiago Danelli.

“A OMS trabalha em estreita colaboração com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para promover respostas multissetoriais aos riscos de segurança alimentar, riscos de zoonoses e outras ameaças à saúde pública no ambiente humano, interface animal-ecossistema e fornecer orientações sobre como reduzir esses riscos”, declara a OMS.

Resíduos de Serviços de Saúde


A gestão adequada dos resíduos de saúde (RSS) reflete uma cultura de segurança institucional que pode ser determinante no processo assistencial e evitar desfechos desfavoráveis em saúde, afirma Danielly Negrão, doutora em enfermagem, com ênfase em gestão de resíduos de serviço de saúde.

Segundo a Anvisa (RDC 222/2018), os geradores de resíduos de saúde devem elaborar um Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), descrevendo as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, contemplando aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.

Os resíduos de serviços de saúde (RSS) representam potencial risco àquilo que a OMS chama Saúde Única (One Health), pois quando manipulados de forma inadequada ou descartados em locais impróprios podem danificar o meio ambiente, prejudicar humanos e animais.
 

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